Real no Imaginário

sábado, 10 de outubro de 2009

Desabafo Clichê

Ultimamente não tenho tido paciência para postar. Tenho sido dominada por uma estado de inércia, uma preguiça de produzir, disperdiçando inspiração ociosamente. Os fatos ocorrem, as novidades chegam, os conflitos aflingem, os pensamentos crescem; mas aquela força de pegar o computador e digitar, canalizar todos os impulsos em palavras... isso não vem.

Desde mês passado estava pensando em um projeto de novo posts. esses seriam mais sérios. Ah! Doce ilusão. Até agora não mexi uma palha para que isso acontecesse. Tão nova nessa área e já desanimando? Vou parar de me lamentar, só queria me explicar, enfim... falar essa baboseira típica de blogueiro. Vou deixar águas rolarem, em breve voltarei com coisas mais interessantes.

domingo, 27 de setembro de 2009

Vácuo Sideral

Perdida em seu própio labirinto,
Paredes desvanescendo,
Sentindo o chão perder a solidez
E o ar rarefeito.
Uma ilusão?
Não.
A perda de todas as ilusões
Leva o cenário consigo.
Tudo é ausência,
Vácuo sideral:
Uma crise moral.

domingo, 6 de setembro de 2009

Tratado sobre Política Cotidiana

Não consigo compreender pessoas. Por que nós não agimos da maneira sincera, de acordo com o que somos? É difícil, confesso, se comportar dessa maneira, porém percebo que no dia-a-dia tomamos posturas falsas que se confundem e se revelam paradoxais e totalmente absurdas. Política na vida pessoal é algo complicado, estabelecer relações amistosas, aliviando relações de conflitos entre indivíduos. Mas tentamos, todos nós tentamos.

Não se pode agradar a todos. Isso é uma verdade incontestável; até mesmo grandes figuras da História não conseguiram, inclusive Jesus Cristo. Porém existe a diferença entre não conseguir por ter uma postura fixa, um caráter incorruptível e uma personalidade maleável, que se transforma de acordo com quem se fala e relaciona. No primeiro caso, a conquista de algumas pessoas se torna uma conseqüência e não o foco central. Enquanto no segundo, o malabarismo de atitudes e decisões está voltado para fins de aceitação. Os meios, nessa ocasião, é apenas um artifício maquiavélico para chegar ao fim: uma imagem davinciana, matematicamente formulada da “pessoa adorável.” Porém o trágico, e também risível, é que esse objetivo é puramente utópico.

Assim entra a Política Cotidiana. Não sei se isso se trata de falta de valorização do próprio eu. Realmente desconheço as razões. No entanto vejo como isso se desenrola. Eu tenho que ser sensato então vou buscar os valores da sociedade, os padrões determinados como corretos para basear minhas decisões e me tornar um ser perfeito, que legal! Tenho que ter uma moral impecável, pentear meu cabelo e passar um gelzinho para não desaprovarem meu visual e ir para o Planalto Central acusar meus companheiros que estão se desvirtuando do aceitável e se aprisionando à falsa liberdade, mas também debater e julgar o cenário sócio-econômico-fofoqueirista da comunidade local.

Durkheim definiria isso como fato social da vida cotidiana, posto que é tão coercitiva e geral a adoção da Política Cotidiana. Tudo começa em falar um bom-dia com um sorriso na cara, manter uma postura simpática. Mas os exemplos chegam a um absurdo de se culpar e se martirizar para ser reconhecido como herói. O que denuncio não são atitudes heróicas, mas ser tão falso a ponto de tomar atitudes drástica em busca de uma simples status. Manter uma imagem estática apenas por mantê-la e receber elogios, “Mas que menino lindo!”. É praticamente uma lei na sociedade as pessoas preservarem sua aparência e lutar por ela para sobreviver socialmente. O que realmente sentimos, o que pulsa dentro de nós é secundário, pois o primordial é dar mais outra pincelada na Mona Lisa.

Formas elementares da vida cotidiana. Pra que? Por que? Não consigo entender como pode ter se tornado tão valioso a valorização e o reconhecimento de outros. Como ser feliz se todos nos amam, mas nós não desenvolvemos o que realmente somos e ainda escondemos nossa verdadeira essência?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Fita métrica

O Amor? Sim, é imensurável, mas podemos ver os limites que ele ultrapassa.


"It does harm, but never mind."

sábado, 8 de agosto de 2009

Carta a um amiguinho.

Olá, menino!

Saudades de uma época em que você corria do meu lado, segurando a minha mão. Era doce e inocente nossa paixão. O frio na barriga que sentia ao perceber que você me olhava, era como tudo fosse novo e essa era a experiência mais bela que já tinha vivido. Meu primeiro amor. O destino, sempre ele, nos separou, mas ainda tenho lembranças dos nossos abraços e dos quase-beijos que demos. Nessa época, beijar a boca de alguém era nojento -- “Eca! beijar na boca?”

Hoje te vi de longe. Fiquei com medo de te chamar e você me tratar com frieza. Sei que fui tola, mas as memórias daquela época eram tão boas e pensei que um contato atual poderia estragar a última lembrança na nossa infância. Lembra daquele dia no parque, em que você me disse que queria fugir pra um lugar bem distante quando a gente crescesse? Ainda espero por alguém que me faça sentir assim, uma aventureira.

Ultimamente as coisas andam tão chatas. Me lembrei de você por causa disso. Era tão simples a nossa amizade, mas eu me sentia uma criança completa. Sei que falar desses tempos nostálgicos sempre relevamos os lados positivos. No entanto, também recordei de como chorávamos as dores um do outro, de como contávamos nossos segredos sem medo. Mesmo balanceando os momentos tristes e felizes, o saldo é altamente positivo. Todos aquelas brincadeiras; os passeios de bicicletas; os lanchinhos da tarde juntos e sua boca suja de ketchup sempre; os filmes que assistíamos no TV quando não tinha nada mais legal. Era puro, inocente.

Me sinto uma velha agora, tenho 18 anos. Eu sei, ainda estou saindo da adolescência. Ah! Mas a vida anda tão séria, as pessoas contam piadas pensando nas obrigações do amanhã. O riso já é mais um escape e não uma ato espontâneo por puro prazer de rir. Nem a própia amizade não é sincera, percebo as pessoas aturando outras só para serem aturadas, ouvindo desabafos, só para poderem desabafar depois; tudo vira jogos de interesses. O nível profissional e educacional dos indivíduos são fatores que, agora, demonstram a capacidade das pessoas. Essa incessante necessidade de crescer, crescer, alcançar grandes metas, de ser alguém na vida.. Sacrificar as boas oportunidades, deixar de viver para se alienar num processo sem lógica: acumular bens e status, enquanto a vida, a única chance que temos, passa.

Me canso disso. Prefiro a nossa época. Nossa grande preocupação era o que a gente ia fazer: jogar bola ou desenhar? O hoje era tudo que a gente tinha. Futuro? Ahn, isso vai chegar um dia, mas essa brincadeira está tão legal! Não sou contra estabelecer objetivos, propósitos, porém, na maioria das vezes eles deixam de ser as nossas metas e se tornam o nosso presente. Me sinto ansiosa, pré-ocupada. Odeio isso. Tenho desperdiçado meu presente com algo que ainda nem existe, que nem ocupa tempo e espaço real. Te encontrar hoje me fez cair a ficha.

Quero saber como anda a sua vida. Soube que você está namorando. Espero que ela seja alguém muito legal pra te fazer feliz. Quem sabe a gente pode marcar um almoço pra rir das ciladas que a gente já se meteu juntos. Cada pessoa que passa na minha vida deixa uma marca diferente. Gosto da sua. Me faz pensar que, mesmo com tantas insanidades, tantos dilemas existências, ainda há um terceiro caminho, um atalho que nos leva a uma terra fantástica. Lá, gente grande pode entrar, mas muitos não vão se sentir bem. É como uma casa na árvore: pequena, aconchegante, simples, mas onde acontecem as melhores conversas, onde a sinceridade flui e as máscaras e hipocrisias não entram.

Mas o tempo passa. As coisas mudam. Quero mudar, evoluir, só que quero saber conservar as essas coisinhas que escapam entre nossos dedos com tanta facilidade. Você cresceu... E engordou! Até a próxima. Prometo que na próxima vez eu te chamo. E se você me encontrar na rua, não deixe de me chamar também.

Beijos, Thaís de Oliveira.



quinta-feira, 6 de agosto de 2009

The Killers sensation

I've got this energy beneath my feet/ like something underground's gonna come up and carry me,/ I've got this sentimental heart that beats/ But I don't really mind and it's starting to get to me. Amo essa música do The Killers, Sam’s Town. O interessante é essa sensação que tenho quando estou ouvindo o CD. Liberdade. O que inspirou foi ouvir algumas dessas músicas quase agora, antes de digitar essas palavras. Estava pedalando num atalho, uma ruela de barro com mato, muito ao redor e algumas casas. Os buracos no chão faziam a bicicleta rugir e sentir meu peito pulando dentro da blusa. Corria, numa velocidade alucinante. But I'm pushing on for that horizon,/ I'm pushing on,/ Now I've got the blowing wind against my face.

Maravilhosa essa sensação de não ter nenhuma neuroses na minha mente e passar por pessoas simples, com roupas rasgadas e não sentir pena, desprezo, mas sim amor. Não tem como me portar com aquele olhar blasé, não mesmo. Tenho vontade de abraçar cada uma delas e dividir uma gargalhada sem motivo. Sempre encontro um menino com uns cinco anos, sorrio para ele todas as vezes e ele também. Hoje faltava um dentinho, ele está banguelo, que lindo!

Para manter esse estado de espírito continuei ouvindo esse álbum. Também roubei uns biscoitos amanteigados da minha mãe (espero que ela não leia isso), tentei um copo de vinho, mas tinha acabado. Era disso que precisava mesmo, coisas comuns. That it helps to take away the pain./ Hey, Jonny. Hey what you say, Jonny? Ótimo isso. Babaca, mas ótimo. Gosto de sensações, gosto de olhar para as pessoas e ver que tipo de sentimento eles me despertam, sem auto-repressões, disfarces, moralismos. And I'm sick of all my judges/ So scared of what they'll find/ But I know that I can make it. É surpreendente o efeito que qualquer forma de arte tem sobre nós, como algo material, sensitível se torna a extensão do abstrato, do imaginário. Me assumo como alguém sensível, que fica com cara de babaca e reage empaticamente com as pessoas e suas coisas. Acho que você já deve ter reparado nisso.

When you rock and roll with me/ There's nowhere else I'd rather be. Estou apaixonada pela vida. Por mais que eu me desaponte, me decepcione, vejo quanto mais a vida é bela (nossa, me lembrei do filme, maravilhoso por sinal). Ainda estou sob o efeito das músicas, só delas e de nenhuma droga, porém essa ultima sensação que descrevo não é tão momentânea. Vale muito a pena ver o céu, mesmo nublado como hoje, o verde em contraste com o vermelhado do barro da estrada, e os sorriso banguelo de uma criança; ouvir sons naturais ou gravações reproduzidas num MP3 Player; sentir o cheiro da bosta do cavalo e o do mato e das flores; sentir a brisa batendo no meu rosto. São esses clichês da vida cotidiana, os quais todos descrevem, mas que me dão a certeza de que ainda estou viva, e graças a Deus por isso.

Ter sensações é legen... wait for it... dary (uma piada pra quem assiste HIMYM). Claro, também é gratificante saber que alguém, pelo menos você me acompanhou até essas linhas. Sensações são tão pessoais, intrasferíveis, mas tentar compartilhá-las é uma experiência legal. Obrigada. We hope you enjoyed your star/ Outside the sun is shining, seems like heaven ain't far away/ It's good to have you with us, even if it's just for the Day.

Noite Surreal (11/04/2009)

Noite bela, bela noite.
Noite fria, fria.
Meus sonhos acordados
Meus pesadelos adormecidos
Minha voz erguida
Minha fala emudecida
Será que é real?
Ou é falso?
Será que é? Sou?
Perambulo e conto
Os passos, as vezes
Que me perdi na escuridão da noite,
As vezes que fui sonâmbula
Acreditando estar acordada.
Mas tropecei e acordei
Com sangue nos pés.
Real, era real.
Mas essa noite é?
Só saberei quando acordar
Ou finalmente adormecer.