Real no Imaginário

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Fita métrica

O Amor? Sim, é imensurável, mas podemos ver os limites que ele ultrapassa.


"It does harm, but never mind."

sábado, 8 de agosto de 2009

Carta a um amiguinho.

Olá, menino!

Saudades de uma época em que você corria do meu lado, segurando a minha mão. Era doce e inocente nossa paixão. O frio na barriga que sentia ao perceber que você me olhava, era como tudo fosse novo e essa era a experiência mais bela que já tinha vivido. Meu primeiro amor. O destino, sempre ele, nos separou, mas ainda tenho lembranças dos nossos abraços e dos quase-beijos que demos. Nessa época, beijar a boca de alguém era nojento -- “Eca! beijar na boca?”

Hoje te vi de longe. Fiquei com medo de te chamar e você me tratar com frieza. Sei que fui tola, mas as memórias daquela época eram tão boas e pensei que um contato atual poderia estragar a última lembrança na nossa infância. Lembra daquele dia no parque, em que você me disse que queria fugir pra um lugar bem distante quando a gente crescesse? Ainda espero por alguém que me faça sentir assim, uma aventureira.

Ultimamente as coisas andam tão chatas. Me lembrei de você por causa disso. Era tão simples a nossa amizade, mas eu me sentia uma criança completa. Sei que falar desses tempos nostálgicos sempre relevamos os lados positivos. No entanto, também recordei de como chorávamos as dores um do outro, de como contávamos nossos segredos sem medo. Mesmo balanceando os momentos tristes e felizes, o saldo é altamente positivo. Todos aquelas brincadeiras; os passeios de bicicletas; os lanchinhos da tarde juntos e sua boca suja de ketchup sempre; os filmes que assistíamos no TV quando não tinha nada mais legal. Era puro, inocente.

Me sinto uma velha agora, tenho 18 anos. Eu sei, ainda estou saindo da adolescência. Ah! Mas a vida anda tão séria, as pessoas contam piadas pensando nas obrigações do amanhã. O riso já é mais um escape e não uma ato espontâneo por puro prazer de rir. Nem a própia amizade não é sincera, percebo as pessoas aturando outras só para serem aturadas, ouvindo desabafos, só para poderem desabafar depois; tudo vira jogos de interesses. O nível profissional e educacional dos indivíduos são fatores que, agora, demonstram a capacidade das pessoas. Essa incessante necessidade de crescer, crescer, alcançar grandes metas, de ser alguém na vida.. Sacrificar as boas oportunidades, deixar de viver para se alienar num processo sem lógica: acumular bens e status, enquanto a vida, a única chance que temos, passa.

Me canso disso. Prefiro a nossa época. Nossa grande preocupação era o que a gente ia fazer: jogar bola ou desenhar? O hoje era tudo que a gente tinha. Futuro? Ahn, isso vai chegar um dia, mas essa brincadeira está tão legal! Não sou contra estabelecer objetivos, propósitos, porém, na maioria das vezes eles deixam de ser as nossas metas e se tornam o nosso presente. Me sinto ansiosa, pré-ocupada. Odeio isso. Tenho desperdiçado meu presente com algo que ainda nem existe, que nem ocupa tempo e espaço real. Te encontrar hoje me fez cair a ficha.

Quero saber como anda a sua vida. Soube que você está namorando. Espero que ela seja alguém muito legal pra te fazer feliz. Quem sabe a gente pode marcar um almoço pra rir das ciladas que a gente já se meteu juntos. Cada pessoa que passa na minha vida deixa uma marca diferente. Gosto da sua. Me faz pensar que, mesmo com tantas insanidades, tantos dilemas existências, ainda há um terceiro caminho, um atalho que nos leva a uma terra fantástica. Lá, gente grande pode entrar, mas muitos não vão se sentir bem. É como uma casa na árvore: pequena, aconchegante, simples, mas onde acontecem as melhores conversas, onde a sinceridade flui e as máscaras e hipocrisias não entram.

Mas o tempo passa. As coisas mudam. Quero mudar, evoluir, só que quero saber conservar as essas coisinhas que escapam entre nossos dedos com tanta facilidade. Você cresceu... E engordou! Até a próxima. Prometo que na próxima vez eu te chamo. E se você me encontrar na rua, não deixe de me chamar também.

Beijos, Thaís de Oliveira.



quinta-feira, 6 de agosto de 2009

The Killers sensation

I've got this energy beneath my feet/ like something underground's gonna come up and carry me,/ I've got this sentimental heart that beats/ But I don't really mind and it's starting to get to me. Amo essa música do The Killers, Sam’s Town. O interessante é essa sensação que tenho quando estou ouvindo o CD. Liberdade. O que inspirou foi ouvir algumas dessas músicas quase agora, antes de digitar essas palavras. Estava pedalando num atalho, uma ruela de barro com mato, muito ao redor e algumas casas. Os buracos no chão faziam a bicicleta rugir e sentir meu peito pulando dentro da blusa. Corria, numa velocidade alucinante. But I'm pushing on for that horizon,/ I'm pushing on,/ Now I've got the blowing wind against my face.

Maravilhosa essa sensação de não ter nenhuma neuroses na minha mente e passar por pessoas simples, com roupas rasgadas e não sentir pena, desprezo, mas sim amor. Não tem como me portar com aquele olhar blasé, não mesmo. Tenho vontade de abraçar cada uma delas e dividir uma gargalhada sem motivo. Sempre encontro um menino com uns cinco anos, sorrio para ele todas as vezes e ele também. Hoje faltava um dentinho, ele está banguelo, que lindo!

Para manter esse estado de espírito continuei ouvindo esse álbum. Também roubei uns biscoitos amanteigados da minha mãe (espero que ela não leia isso), tentei um copo de vinho, mas tinha acabado. Era disso que precisava mesmo, coisas comuns. That it helps to take away the pain./ Hey, Jonny. Hey what you say, Jonny? Ótimo isso. Babaca, mas ótimo. Gosto de sensações, gosto de olhar para as pessoas e ver que tipo de sentimento eles me despertam, sem auto-repressões, disfarces, moralismos. And I'm sick of all my judges/ So scared of what they'll find/ But I know that I can make it. É surpreendente o efeito que qualquer forma de arte tem sobre nós, como algo material, sensitível se torna a extensão do abstrato, do imaginário. Me assumo como alguém sensível, que fica com cara de babaca e reage empaticamente com as pessoas e suas coisas. Acho que você já deve ter reparado nisso.

When you rock and roll with me/ There's nowhere else I'd rather be. Estou apaixonada pela vida. Por mais que eu me desaponte, me decepcione, vejo quanto mais a vida é bela (nossa, me lembrei do filme, maravilhoso por sinal). Ainda estou sob o efeito das músicas, só delas e de nenhuma droga, porém essa ultima sensação que descrevo não é tão momentânea. Vale muito a pena ver o céu, mesmo nublado como hoje, o verde em contraste com o vermelhado do barro da estrada, e os sorriso banguelo de uma criança; ouvir sons naturais ou gravações reproduzidas num MP3 Player; sentir o cheiro da bosta do cavalo e o do mato e das flores; sentir a brisa batendo no meu rosto. São esses clichês da vida cotidiana, os quais todos descrevem, mas que me dão a certeza de que ainda estou viva, e graças a Deus por isso.

Ter sensações é legen... wait for it... dary (uma piada pra quem assiste HIMYM). Claro, também é gratificante saber que alguém, pelo menos você me acompanhou até essas linhas. Sensações são tão pessoais, intrasferíveis, mas tentar compartilhá-las é uma experiência legal. Obrigada. We hope you enjoyed your star/ Outside the sun is shining, seems like heaven ain't far away/ It's good to have you with us, even if it's just for the Day.

Noite Surreal (11/04/2009)

Noite bela, bela noite.
Noite fria, fria.
Meus sonhos acordados
Meus pesadelos adormecidos
Minha voz erguida
Minha fala emudecida
Será que é real?
Ou é falso?
Será que é? Sou?
Perambulo e conto
Os passos, as vezes
Que me perdi na escuridão da noite,
As vezes que fui sonâmbula
Acreditando estar acordada.
Mas tropecei e acordei
Com sangue nos pés.
Real, era real.
Mas essa noite é?
Só saberei quando acordar
Ou finalmente adormecer.

Escrever (11/06/2009

Desde criança tenho um sonho: ser uma grande escritora. No entanto sempre encarei essa vontade como algo platônico. Este tem significado por ser perfeito no mundo das idéias, mas e se tal desejo se tornasse real, se se expressasse nesse mundo corrupto, seria tão deleitoso? Me pergunto até que ponto estou certa e até que ponto sou covarde. O sabor das fantasias é mais agradável do que o suor da realidade, mas o último é tocável, é visível, é palpável, é real. Vale a pena correr o risco e tentar escrever alguma coisa que preste, de qualidade?
Não nasci com o talento nato da escrita. Meu encontro com literatura não foi agradável, nada amistoso. Minha mãe me emprestava alguns livros que leu durante sua adolescência como uma tentativa de me introduzir nesse mundo. Não demorou muito, porém os resultados positivos apareceram: hoje leio muito mais do que ela. No entanto, isso não é o suficiente para eu alcançar o meu ponto central. Por mais contato que eu tenha, minha postura sempre foi contemplativa; leio, admiro, às vezes critico. Já escrevi poemas, ridículos por sinal, minha preferência é a prosa, mas mesmo assim não me sinto bem diante do que escrevo. Quando vejo as palavras na tela do computador ou rabiscadas numa folha de papel não é a mesma coisa do que quando penso nos textos, os elaboro mentalmente.
Certamente a escrita não é um detalhe à parte na minha vida. É a minha vida. Não quero dizer que minha vida é escrever, mas esse é um caso que explicita todo o resto. Ser uma escritora, ser grande é o que eu desejo, mas a covardia é maior do que a força em mim. Projetar uma casa é mais fácil do que construir uma. De planos eu já me cansei. Não sonhei com tudo que poderia, mas já repeti tantas vezes o mesmo sonho que preciso dar uma mudança nas coisas, então resolvi tomar a decisão de escrever.
Escrever não como realização de um sonho e sim como tentativa de auto-conhecimento. O que é perfeito na terra das fantasias, muitas vezes não pode ser visto da mesma forma no mundo real. E se minha paixão não for escrever? Muitos detalhes serão diferentes. A realização de sonhos não deve ser a pura transferência de planos, mas sim a reconstrução de tudo. Não a partir do zero, por mais imaginária que sejam, as fantasias de uma certa forma são reais, porque minha natureza é real.
Sinto um desejo compulsivo de escrever, viver, o qual me trouxe à produção desse texto. Uma energia que vem intensa e que deve ser usada no momento ou perde sua potência. Tenho sentido isso freqüentemente nos últimos meses, mas não sei bem como canalizar tantos impulsos por medo de errar. Viver é profano, é heresia: é se entregar aos mais intensos impulsos e tomar as decisões mais loucas e impensadas em nome de algo que não se conhece, mas que se reconhece no primeiro olhar do encontro. É encontrar as palavras perfeitas num dicionário que expressem nossas idéias, inspirações. Viver é encontrar uma imagem fora de si, mas que seja o reflexo exato das turvas imagens fantasiosas interiores.